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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

OXÓSSI

Oxóssi
O Deus Oxóssi, traz nas mãos o Arco e a Flecha, o Ofá,  símbolo máximo do caçador que luta para manter a subsistência da tribo
OXÓSSI – O Caçador das Matas
 Numa visão antropológica os orixás são vibrações de energia, cada um numa faixa própria, com as quais os seres humanos se identificam, o que justifica a existência de “filhos” de diferentes orixás. Numa visão teológica, os orixás são divindades s serem respeitadas e cultuadas por seu filhos, que com eles entrariam em contato através de diferentes rituais disseminados na cultura tribal africana e que no Brasil estão agrupados sob o rótulo de uma religião: o Candomblé e a Umbanda. Os mitos e lendas manifestavam grande vitalidade, envolvendo personalidades extrovertidas como Exú. Essa ânsia pelo movimento e pela expansão levava a um grande número de guerreiros, como Ogum, Iansã e Obá.. Mesmo em tempos de paz, os personagens não envolvidos com as guerras continuavam a ter uma sociedade com um núcleo estável, voltada tanto para as tarefas femininas tradicionais (Yemanjá e Oxum a esposa e a amante, a reprodutora e a que concede prazer) como para o exercício do poder e da autoridade (Xangô e Oxalá). Nesse sentido, dois orixás iorubás fogem da tradição básica: o mago Ossain, o solitário senhor das folhas e Oxóssi , o caçador. Ambos são irmãos de Ogum na maior parte das lendas e possuem o gosto pelo individualismo e o ambiente que habitam: a floresta virgem, as terras verdes não cultivadas. A floresta é a terra do perigo, o mundo desconhecido além do limite estabelecido pela civilização iorubana, é o que está além do fim da aldeia. Nela o homem não tem a proteção da organização social, do maior número de pessoas. Os caminhos não são traçados pelas cabanas, mas sim pelas árvores, o mato invade as trilhas não utilizadas, os animais estão soltos e podem atacar livremente. É o território do medo. Oxóssi é o orixá masculino iorubá responsável pela fundamental atividade da caça. por isso, ma África é também cultuado como Odé , que significa caçador. É tradicionalmente associado a Lua e, por conseguinte a noite, melhor momento para a caça. Tem em comum com seu irmão Ogum (dizem as lendas que são irmãos inseparáveis, sendo dentro do mundo iorubá o amor de irmão mais forte que existe) a utilização da floresta, mas enquanto o senhor da guerra percorre as matas nas lutas militares, Oxóssi e Ossain tem na floresta  o próprio fim. Enquanto Ogum percorre a mata para abrir caminhos e ampliar o território através das guerras, Ossain se esconde nela para estudar as folhas e Oxóssi para capturar animais. Ogum modifica a floresta, enquanto Oxóssi e Ossain se identifica com ela e com ela se mistura. Na umbanda recebe o título de rei das matas, sendo a ele consagrada a cor verde. Tanto na Umbanda como nas nações do Candomblé, é figura próxima de Ogum, por ter com ele certas afinidades de comportamento e porque nas danças cerimoniais do candomblé é o segundo orixá a aparecer, procedido apenas pelo abre-alas Exú e pelo desbravador Ogum. Oxóssi é um orixá que vive ao ar livre e está sempre longe de um lar organizado estável. Ao mesmo tempo por ser protetor dos caçadores e por conviver com os animais é também tido como protetor dos  animais. Protege tanto o que mata o animal como o próprio animal, já que é um fim nobre a morte de um ser para servir de alimento para outro. Por isso Oxóssi nunca aprova a matança pura e simples. Sua responsabilidade principal com relação ao mundo é garantir a vida dos animais para que possa ser caçados. Em alguns ramos do candomblé também atribui a ele o poder sobre as colheitas, já que a agricultura foi introduzida historicamente depois da caça como meio de subsistência. Oxóssi é bastante cultuado no Brasil mas praticamente esquecido na África. A hipótese dos historiadores é que Oxóssi foi cultuado basicamente no Ketu, onde chegou a receber título de rei. Essa nação porém, foi praticamente destruída no século 19 pelas tropas do então rei do Daomé.  Já no Brasil é grande o prestígio e força popular, além de um grande número de filhos. Seus símbolos são ligados à caça: possui um ou dois chifres de búfalo dependurados na cintura. Na mão usa o Erukerê, pêlos de rabo de boi presos numa bainha de couro enfeitada com búzios. O mito do caçador explica sua grande e rápida aceitação no Brasil, pois identifica-se com diversos conceitos de índios brasileiros. Em alguns cultos essa relação é tão próxima que Oxóssi não é tido como um negro mas como um índio. Seu objeto básico é o arco e a flecha, o Ofá e o Damatá. Seu número ritualístico é o quatro por serem quatro as qualidades de Oxóssi difundidas no Brasil. A ele estiveram ligados alguns orixás femininos, mas o grande destaque foi para Oxum, com quem teve um romance e desse nasceu seu filho LogunEdé.  

O Arquétipo dos seus filhos
  
O filho de Oxóssi apresenta arquétipicamente as características atribuídas do Orixá. Impondo sempre sua marca pelo mundo selvagem, nele intervindo para sobreviver, mas sem alterá-lo. São pessoas independentes e de extrema capacidade de ruptura, o afastar-se de casa e da aldeia para embrenhar-se na mata a fim de caçar. Seus filhos possuem um grave conceito de ruptura e independência A solidão como prazer vem do seu interesse por atividades que exijam concentração e silêncio. São pessoas que tem o gosto pelo ficar calado e desenvolver a observação,. Geralmente Oxóssi é associado às pessoas joviais, rápidas e espertas, tanto mental como fisicamente. Tem grande capacidade de concentração e de atenção, aliada à firme determinação de alcançar seus objetivos e paciência para aguardar o momento certo para agir. Os filhos de Oxóssi, portanto, não gostam de fazer julgamentos sobre os outros, respeitando como sagrado o espaço individual de cada um. Buscam trabalhos e funções que possam ser desempenhadas de maneira independente, sem a ajuda nem a participação de muita gente, não gostando do trabalho em equipe. Ao mesmo tempo, é marcado por um forte sentido de dever e responsabilidade, pois é sobre ele que cai o peso de sustento da tribo. São pessoas capazes de assumir grandes responsabilidades e de organizar e lidar, sabendo liderar facilmente grandes grupos. Os filhos de Oxóssi não compartilham com os de Ogum o gosto pela camaradagem, pela conversa que não termina mais, pelas reuniões ruidosas e tipicamente alegres, fator que pode ser radicalmente modificado pelo seu segundo orixá (o ajuntó). Não são pessoas tipicamente extrovertidas, gostando de viver sozinhas, preferindo receber grupos limitados de amigos, como o caçador que de vez em quando, compartilha com outro caçador o seu almoço, troca histórias e informações, mas depois segue caçando sozinho. Mesmo sendo um bom observador do comportamento humano – podendo antecipar atitudes e descobrir o que há de lúdico e repetitivo no jeito de cada um se comportar – o filho de Oxóssi tem pouca paciência com as sutilezas da diplomacia. Cansa-se facilmente das pessoas, de suas necessidades complexas, que ele poderá identificar como caprichos. Não aceita que nem todos tenham o aspecto simplista e austero da vida. Fisicamente, são pessoas relativamente magras, menos musculosas que os guerreiros filhos de Ogum ou encorpados como os filhos de Xangô. Tendem a ser pessoas nervosas, mais possuidores daquele tipo de tensão represada, mantida com certa dificuldade, até que explode uma única vez, atingindo o adversário no ponto mais fraco, que havia sido pacientemente visualizado no processo de preparação do bote. Possuem mãos delgadas, finas e extremamente expressivas. Seus olhos são vivos e atentos, seus passos extremamente leves, como do caçador que não quer provocar ruído. Sua movimentação tem certa graça e leveza, numa harmonias advinda da economia dos movimentos. Podem porém, ser mais vaidosos e requintados em circunstâncias específicas, como festas ou acontecimentos sociais em geral, como se o caçador pudesse ser rude ao trabalhar na mata, mas exigisse ser reconhecido como alguém de destaque nos raros momentos que passava  na sociedade.
  
O Culto ao Orixá
O dia de Oxóssi é a quinta-feira, dia igualmente consagrado a outras divindades da floresta. Costuma ser sincretizado em São Jorge na Bahia e São Sebastião no Rio de Janeiro. Os filhos de são extremamente rígidos, exigentes no cumprimento fiel das obrigações do santo e castiga aqueles faltam com  a palavra e os devotos que se esquecem das cerimônias. Seu relacionamento com os iniciados , portanto, segue o padrão de austeridade e inflexibilidade que marcam todo seu arquétipo e suas lendas. A sua dança numa festa litúrgica repete a gesticulação de uma pessoa na caçada, pois os filhos do orixá, quando incorporados, parecem, mesmo no terreiro, estar cautelosamente à espreita de um animal, vasculhando o chão em busca de rastros de animais, se movimentam sem fazer barulho, retesam o arco e atiram a flecha. Sua única expansão é o grito de alegria quando o alvo é alcançado – o que miticamente sempre acontece, pois a pontaria de Oxóssi é perfeita. Quatro é o numero sagrado deste Orixá. Quatro são as qualidades conhecidas de Oxóssi: Odé, Oxóssi que se acabou tornando o nome principal dos quatro tipos: Otin, o companheiro que vai pelas matas ao lado de Ogum, usa só a lança, e não o arco e a flecha, e veste apenas roupas azuis, e Inlé ou Iboalama, o único Oxóssi a vestir-se apenas com couro, que usa um chicote feito também de tiras de couro, chamado Bitalá. Inlé foi casado com Oxum Pandá, e é pai do Orixá Logunedé. A Oxóssi são consagradas todas as caças, sendo muitos os animais que lhe podem ser sacrificados. A ele também são consagradas algumas plantas, como o carrapicho, que costumam agarrar pelos dos animais e nas roupas das pessoas que passam por eles. Os sacrifícios mais conhecidos são o bode, o porco e o galo. As comidas cerimoniais de Oxóssi são o feijão-preto, inhame, feijão-fradinho torrado e o axoxô (milho amarelo misturado com coco raspado). Sua saudação é Okê Arô!!!


Nas regiões do Sul do Brasil é o Sincretismo mais conhecido. Já no Norte é sincretizado com São Jorge ou Santo Antônio.

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