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segunda-feira, 14 de maio de 2012

Medium responsavel é espiritualidade em evolução!



Primeiramente, queremos nos desculpar pela demora. Estávamos buscando sobre novos assuntos, novas matérias e novas abordagens. Agora, conforme formos tendo acesso a novos conteúdos, vamos postar mais matérias.
            Haja vista que já postamos sobre alguns assuntos introdutórios à Umbanda, tais quais os orixás, a importância do conhecimento, e outros, agora a intenção é aprofundar o conhecimento e discorrer sobre assuntos ainda não discutidos. Para tal, continuamos contando com a sua ajuda, através do nosso e-mail umbfeverdadeira@gmail.com.

Agradecemos por tudo!

            No ultimo fim de semana, eu estava lendo o Sermão da Sexagésima, obra em que o Padre Antônio Vieira discorre sobre vários assuntos, dentre eles a forma de “semear” a palavra de Deus, e tenta encontrar a resposta do por que, naquele momento histórico, a população já não acompanhava mais a pregação da Igreja como antes. Para que haja maior conhecimento sobre a obra, sugiro que você leia o Sermão, mas eu gostaria de fazer um breve comentário, e para tal tentarei retratar a ideia do autor da forma mais sucinta e original possível.
            A palavra de Deus percorre um caminho da fonte (Deus) até seu destinatário final (o homem). Contudo, para que essa mensagem chegue ela é feita em três fazes: A emissão da mensagem, por Deus, a interpretação da mesma por quem semeia e, por fim, o destino final, o povo, que ao ouvir a palavra, através de quem semeia, são doutrinados, em direção ao Divino.
            Sendo o processo citado anteriormente o caminho que segue a Matéria (a mensagem divina), esse, em alguma etapa, deveria conter o erro que resultaria na falta da palavra em meio ao povo. A primeira parte (emissão) não poderia ser, pois o ser que a promove é divino, tal qual a palavra que envia. O homem, destinatário final, também não poderia ser, pois este deveria ser doutrinado, tendo em vista que é de sua natureza buscar o Divino, através da reflexão, da crença e do erro. Se a culpa não é do emissor, tampouco do destinatário, essa só pode ser do intermediário, no caso a própria Igreja. Afinal, essa tem o dever de semear e garantir que seja aceita a matéria, como a semente que é aceita pelo solo fértil. Se no momento a população se encontrava “desvirtuada” seria por ineficiência da Igreja que, através de métodos que não busca a adaptação e não garante a plena absorção da Matéria.
            Bem, esse foi um breve resumo da Obra- que, diga-se de passagem, é linda-. Embora o momento estudado fosse diferente do atual, podemos fazer uma analogia tanto à época como à religião. O momento atual é acompanhado por nova visão do mundo e o “semeador” deve acompanhar as visões, a religião tratada no Sermão é a Católica, o que não impossibilita a adaptação ao meio Umbandista.
            A responsabilidade do médium, como intermediário.
             “Orai e vigiai“, essas são as palavras que alguns de nós ouvimos com frequência. A prece é uma forma de meditação, e vigiar os próprios pensamentos, em busca de aproximar-se do ser equilibrado, livre de qualquer sentimento oposto à Religião (orgulho, preconceito, inveja, e etc.). Por que esses dois elementos são tão importantes? Se nós, médiuns, somos o instrumento pelo qual os orixás se comunicam com os demais, nos encontramos na mesma posição da Igreja na Obra anteriormente citada, o intermédio.
            Ao ver deste mero escritor, que vos dedica esse simplório texto, o médium deve ser como uma linha de conexão sem interferências. Caso não medite sobre a sua condição e não vigie os seus pensamentos, ele, consequentemente, tenderá a interferir na mensagem enviada pelo Espírito de Luz. E quantas vezes não vimos este fato? O médium usa de seu orixá, um ser mensageiro, de luz esclarecedora e imparcialidade absoluta, para fins mesquinhos, como forçar a vontade alheia através de uma, suposta, sabida mensagem.
            Dificilmente um médium ficará TOTALMENTE inconsciente quando incorporado. O caso se assemelha a água e óleo, que, colocados em um único copo, tem contato, tornando-se uma só porção, contudo não se misturam!
            Essa visão sobre o objetivo do médium explica, ainda que de forma simplória, o verdadeiro motivo do “por que estudar sobre umbanda”. A compreensão do Livro dos Espíritos é tão importante como a do Livro dos Médiuns. A posição intermediária exige que o médium seja presente como ferramenta e ausente como formador de opinião, pois até mesmo a amizade entre o médium e a pessoa, que veio a esse em busca de uma mensagem, pode alterar a real Matéria dita pelo orixá, se não houver separação entre os interesses do médium e o objetivo central da prática.
            Mas o que é necessário para a conduta imparcial do médium?
            Acredito que não seja estranha a prática de banhos de ervas (objeto já tratado por nós), acender velas específicas (aos orixás ou ao anjo de guarda) ou, ainda, a leitura de livros indicados pela Casa de Caridade. Bem, esses são os principais fatores para a conduta do médium. Mas como um simples banho, um acender de velas ou um folear de páginas refletem nas atitudes?
            Alguns de nós já fomos orientados sobre a necessidade de deixar os nossos problemas “da porta para fora” das casas de orações. Essa simples frase tem um fundamento imenso. O fato de não deixar que o seu cotidiano interfira na prática religiosa contribui, diretamente, na qualidade da conexão que se tem com os guias espirituais. Tal qual a preparação que se tem anteriormente ao trabalho, propriamente dito.
            É comum termos a sensação, quando iniciantes, de ansiedade logo que acordamos e sabemos que é dia de gira. Afinal, não é qualquer dia, você irá ter contato com os Orixás. A forma com que o dia se procede é totalmente diferente dos demais, e de tempo em tempo olhamos para o relógio. Chega-se em casa, toma-se um banho de ervas, específicas para aquela gíria, coloca-se a roupa própria e se pega as guias (missangas). Quando, finalmente, chegamos no local do culto, cumprimentamos felizes, e, antes mesmo de começar o trabalho, fazemos uma oração. A abertura é feita e logo se tem contato com os orixás dos médiuns mais antigos. Uma mensagem é dada e nos faz refletir, comparando-a com uma outra vista num livro ou já comentada por outrem. A hora de incorporar chega e a cabeça vai à mil e as sensações são diversas, principalmente no começo. A gira chega ao fim, mas sabemos que tudo foi parte de uma grande experiência, e aguardamos a próxima, mais uma vez, ansiosamente.
            O que eu acabei de descrever, acredito eu, foi vivenciado pela maioria dos médiuns, ainda que as situações se limitassem à “semelhante”. Mas a pergunta ainda não foi respondida: Como tudo isso pode influenciar? A preparação espiritual no dia, descrito no parágrafo anterior, deixa o médium em estado neutro, pronto para executar a sua função com harmonia com o meio, sem nenhuma carga negativa que o impeça. O banho de ervas tem a função de equilibrar as energias, a vela específica para o orixá cultuado no dia gera uma conexão preliminar e os ensinamentos cultivam a doutrina, tornando o médium hábil, mentalmente, para conciliar e discernir suas próprias ideias as mensagens. 
            O banho, as velas e os livros são fatores importantes sim, mas os sentimentos solidários estão acima, são os elementos que refletem a conduta do médium. Um médium com verdadeira vontade solidária, não permite a sobreposição da sua vontade a mensagem do Guia, ainda que a verdadeira mensagem seja oposta aos seus pensamentos, pois ele sabe que a Fonte age em prol do bem, e aquela pessoa que veio a ele em busca do guia, acreditou na sua capacidade mediúnica de transmitir a mensagem sem interferência alguma, como se, de fato, a pessoa-médium não estivesse mais ali.
           
            Hoje, como na época do Padre Antônio Vieira, a obrigação de transmitir a mensagem está intrinsecamente ligada à absorção do destinatário. Se o método deve atualizar-se na medida em que a realidade muda, devemos nós, umbandistas, agir conjuntamente aos nossos guias na medida das nossas funções. Porque nas diferenças entre as nossas e as funções dos orixás encontram-se o encaixe perfeito, que ao ver deste mero palpiteiro, tornando possível a prática da verdadeira Umbanda.