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domingo, 12 de dezembro de 2010

OBALUAÊ

OBALUAÊ
Em termos mais estritos, Obaluaê é a forma jovem do Orixá Xapanã, enquanto Omolu é sua forma velha. Como porém, Xapanã é um nome proibido tanto no Candomblé como na Umbanda, não devendo ser mencionado pois pode atrair a doença inesperadamente, a forma Omolu é a que mais se popularizou e acabou sendo confundida não apenas com a forma mais velha do Orixá, mas com sua essência genérica em si. Esta distinção se aproxima da que existe entre as formas básica de Oxalá: Oxalá (o Crucificado), Oxaguiã a forma jovem e Oxalufã a forma mais velha. A figura de Omolu-Obaluaê, assim como seus mitos, é completamente cercada de mistérios e dogmas indevassáveis. Em termos gerais, a essa figura é atribuído o controle sobre todas as doenças, especialmente as epidêmicas. Faria parte da essência básica vibratória do Orixá tanto o poder de causar a doença como o de possibilitar a cura do mesmo mal que criou. Em algumas narrativas mais tradicionalistas tentam apontar-se que o conceito original da divindade se referia ao deus da varíola, tal visão porém, nos parece uma evidente limitação.  
A varíola não seria a única doença sob seu controle, simplesmente pôr ser a epidemia mais devastadora e perigosa que conheciam os habitantes da comunidade original africana, onde surgiu Omolu-Obaluaê, o Daomé. Assim, sombrio e grave como Iroco, Oxumarê (seus irmãos) e Nanã (sua Mãe), Omolu-Obaluaê é uma criatura da cultura jeje, posteriormente assimilada pelos iorubas. Enquanto os Orixás iorubanos são extrovertidos, de têmpera passional, alegres, humanos e cheios de pequenas falhas que os identificam com os seres humanas, a figuras daomeanas estão mais associadas a uma visão religiosa em que distanciamento entre deuses e seres humanos é bem maior. Quando há aproximação, há de se temer, pois alguma tragédia está para acontecer, pois os Orixás do Daomé são austeros no comportamento mitológico, graves e conseqüentes em suas ameaças.

Obaluaê na Umbanda representa a manifestação de Deus (Zambi das religiões Congo e Angola) da renovação dos espíritos decaídos, resgatador da suas dívidas cármicas, na manifestação de Omulu trabalha como ceifador dos erros, ou seja, é o senhor dos mortos e o regente dos cemitérios considerado o campo santo entre o mundo terrestre material e o mundo astral espiritual, trabalhando com muito amor na guia destes espíritos, tendo como servo exu caveira o guardião dos cemitérios.
Obaluaiê é o mistério da irradiação que plasma o espírito desencarnado em vias de reencarne, amoldando-o para o útero materno, propiciando assim uma nova via evolutiva. 
Obaluaê é o senhor das doenças podendo curar uma pessoa de uma doença. Na gira de caboclos pode ser chamado de "caboclo do fogo" e quando entra nos terreiros da umbanda sua cabeça sempre tem que ser coberta, pois, obaluae tinha muitos feridas e cobria seu rosto com palha para que ninguém pudesse ver as feridas.
Diz uma lenda africana que ele estava em uma festa e ninguém queria dançar com ele sabendo de suas feridas até que Iansã veio até ele levantou a palha de seu rosto e com sua ventarola provocou um vento tão forte que as feridas de obaluae saíram do corpo dele se transformando em pipoca.
 “(...) Eu olhei os símbolos e escolhi o símbolo que tinha três cruzes em seu interior. Imediatamente uma luz forte se fez presente e foi tomando forma. Quando esta já estava totalmente plasmada, vi um ancião curvado apoiando-se num cajado com diversos símbolos pendurados. Tinha o corpo todo coberto por uma palha  desconhecida para mim. Sua vibração não era contida pela forma plasmada. Eu sentia os meus ossos se deslocarem do lugar tal a intensidade. Quando ele levantou o cajado eu fui puxado ao seu encontro. Pensei que ia me despedaçar todo, pois eu era só ossos. Cai de joelhos aos seus pés. Só então eu vi que ele também era só ossos. A ponta do cajado tocou em minha cabeça e um choque muito forte percorreu todo meu corpo. “Vou morrer outra vez”, pensei quando uma voz gutural respondeu ao meu pensamento:
_ Não morremos duas vezes, exu da meia-noite. Eu o marco como um dos meus. Você me serve, eu o amparo. Você me servirá e a Lei viverá em você. Você foi lançado ao solo pelo poder do símbolo da cruz. Você carregará sua cruz e a Lei o ajudará. Mas se você abandona-la, ela o esmagará. Sua força não é maior que sua cruz, mas ela lhe dará forças para carregá-la. Sirva-a e ela o engrandecerá, mas renegue-a e fraco se tornara. Ame sua cruz e o amor a ela o inundará; mas odeie a ela e o diado será. Louve-a e louvado será; renegue-a e renegado será. (...)_ Quem o fez que eu nem percebi?_ Foi o senhor Abaluaê, ou Senhor dos Mortos, quem o marcou como um à sua esquerda.(...)” (trecho retirado do Livro Guardião da Meia Noite)

Fontes:
Livro Guardião Da Meia Noite

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